Capitão Nascimento agora é Coronel Nascimento
Tropa de Elite 1 era uma novidade impactante, de fato. Lembro-me muito bem, caminhando pelas ruas do centro do Rio de Janeiro, e ali nos camelôs, surgiam em todas as barraquinhas de DVD, as mesmas cenas: políciais e traficantes trocando tiros. Era o tipo de filme que o Brasil estava precisando por nas telas do cinema. Essencialmente, aquilo gerava um motivo de discussão política nos bastidores - era uma dedada na ferida da deficiência da segurança pública, a currupção dentro da ficção era abertamente mostrada. Até mesmo meu pai dizia: Este filme, acho que não vão deixar de exibir no cinema, não.
Neste segundo capítulo, ficamos sabendo sobre algo a mais dos principais heróis desta grande saga nacional (até mesmo de seus nomes próprios): Nascimento e Matias. Nascimento é brilhatemente interpretado por Wagner Moura. O ator elevou o seu personagem, já apreciado no primeiro, às estrelas. Agora o Ex-Capitão do Bope é Coronel, não sobe mais o morro para atirar em traficantes, mas sim, comanda um exército maior e, sem dúvida alguma, com mais responsabilidade e consciência - apesar do seu temperameto, como sempre, explosivo - algo inseparável de um personagem como esse.
O ex-aspira Matias é interpretado por André Ramiro. No primeiro filme, a idéia que ficou é que Matias seria o substituto de Nascimento. Agora, Matias é Capitão - com todas as suas transformações adquiridas do filme anterior. Apesar do arco ser de Matias no primeiro, a marca ficou por causa dos bordões de Capitão Nascimento - acabando por ser eleito, pela população, como o centro das atenções do filme. Ramiro, se monstrou uma grande revelção no filme anterior, acompanhando muito bem a evolução de seu persoangem, desde um policial honesto e generoso a um caveira - que age com uma dureza comparável a de Nascimento. No segundo, apesar de Mathias ser um personagem já amadurecido, Ramiro aparenta pouca expressividade em seu parsonagem transformado.
Em Tropa 2, Ramiro, que, pela lógica, seria o principal neste novo trajeto - se Nascimento tivesse dispensado a sua carreira no BOPE. Mas como o personagem de Wagner Moura ganhou tanta popularidade, apesar do seu intrigante personagem, que foi elevado pelo público ao status de herói - suas atitudes autoritárias viraram o seu carisma. José Padilha, diretor do filme, buscava esclarecer o personagem de seu filme em entrevistas, buscando trazer o lado negativo da visão otimista que o abuso de autoridade da polícia tem para o público. Tropa 1 teve diversas interpretações ao redor do mundo, sendo considerado até mesmo fascista.
É bem provável que o apelo público e a mídia tenham destoado completamente a visão daquela discussão complexa que o primeiro filme deveria ter sido, naturalmente. O diretor Padilha estava certo em defender que as atitudes de Nascimento não eram heróicas ou exemplares. Mas pelo apelo público, Nascimento não foi embora, cedendo lugar de capitão a Matias, como já ocorre em Tropa 2. Ele acabou retornando mais resistente para enfrentar uma história maior. Embora o persoangem esteja mais forte na tela, é interessante notar sua dedicação para combater o crime como um cavaleiro solitário - sem sua mulher e filho presente em sua casa - quem viu o primeiro, conseguirá se emocionar através de um flashback mental da determinada cena.
Agora, a ambientação de Tropa de Elite já é conhecida pelo público. No primeiro filme, há o caso dos estudantes de classe média questioando a violência da polícia - enquanto, os mesmos que os criticam, contribuem para o tráfico. No segundo, está Fraga, defensor dos direitos humanos - surge em cena criando uma teoria polêmica que liga a sociedade Brasileira e os presídios.
Tropa 2 não veio apenas para caçar alguns trocados a mais. É pela questão das controvésias do primeiro filme que Tropa 2 foi necessário. Agora os tiros são trocados com a política - a mão que rege o país. A imprensa acaba também ganhando o seu espaço - ficando ainda mais próximo do nosso Brasil real. O destaque fica para o papel do ator André Mattos, conhecido por seus papéis cômicos, como o eterno D. João VI da minissérie O Quinto dos Infernos da TV Globo em 2002. André é Fortunato, um repórter policial, que mais parece uma mistura de Datena com Wagner Montes, que acaba se envolvendo com a política e milicianos. André cria o seu personagem com certa ironia e charme.
E a atuação das milícias, uma espécie de máfia, são cruelmente expostas, para quem quiser ver. O miliciano Russo, interpretado por Sandro Rocha, é de dar tanto medo, que deixaria o traficante Baiano (interpretado por Fábio Lago, vilão do primeiro filme) sair correndo mais do que do próprio BOPE.
Tropa 2 reconstruiu a clássica Tragédia Grega, de forma comtemporânea e em verde e amarelho. Técnicamente excepcional, inclusive na edição. Se você ainda não assistiu durante a semana de estréia, devido as lotações, não deixe de assistir e apreciar esta excelente obra nacional. Agora estamos diante do melhor filme sobre corrupção Brasileira já feito - se preferir, a melhor saga, levando em consideração o primeiro. Faca na Caveira!
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Nascimento, agora Subsecretário: trocando sopapos e tiros com milicianos e políticos. A dor deste personagem, nós sentimos aqui.
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